terça-feira, 15 de março de 2016

A queda foi de quem?

A única certeza que tinha é que era inverno. Não sentia mais meu nariz e a sensação era que meu rosto iria rachar a qualquer momento. Estava em uma estrada de terra e tomada por uma neblina muito densa que não me deixava enxergar nada. Por isso, resolvi me concentrar nos meus passos, um pé na frente do outro. Essa é a melhor forma de andar por um caminho que nos cega, um passo por vez.
Não sabia ao certo o que estava fazendo ali e na dúvida continuei andando. Depois de um certo tempo percebi que estava ali mesmo para andar. Caminhando já sem neblina e podendo voltar meus olhos para frente e não mais nos meus pés, vi longe uma árvore solitária em cima de um monte com suas folhas todas vermelhas. Era única e passei a caminhar até ela. Já sabia para onde estava indo, mesmo que não soubesse exatamente o porque.
No decorrer do caminho até a árvore, percebi que quanto mais caminhava, mais as folhas da árvore caiam. Era uma queda suave, mas constante. Comecei a pensar que no momento que chegasse na árvore, ela estaria nua, não haveria mais nenhuma folha. Caminhava em direção a algo que já teria outra forma quando chegasse perto. E no momento que alcancei a árvore, as últimas folhas começaram a cair. Antes mesmo que as folhas tocassem o chão, nesse intervalo entre estar na árvore e estar no chão, meu corpo despertou. E, tive a sensação que tinha sonhado com algo importante, mas não lembrava o que.

Carla - 15/03/2016

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