sexta-feira, 26 de julho de 2019

Deixo pra vocês

Estive pensando esses dias de descanso e tédio o quanto eu deixo pra lá.
Uma discussão, um pedido, uma insistência, uma treta. Eu deixo muita coisa pra lá.
Algumas coisas que eu quero, muito, tento não seguir na mesma linha, mas daí, o mundo se acostuma com meu jeito, blasé ou desencanado, e acha que sou chata quando bato o pé. 
Outras coisas eu quero, mas nem tanto, e é pra essas que eu quero dizer um belo: deixo pra vocês!
Seja aquele projeto cheio de detalhes, aquela compra super interessante, aquele lugar super charmoso, ou aquela visita imperdível. Deixo tudo isso pra vocês. E deixo porque dá muito trabalho, pouca recompensa, ou nem faz parte do meu destino. 
E é nessa hora que eu preciso de um apoio aqui, do próprio destino, porque tem gente que não quer me deixar nessa ilusão deliciosa de que alguém possa se incumbir de girar a roda do mundo. E é uma ilusão também, mas menos deliciosa e mais obsessiva, em achar que é a gente que gira a roda sozinhos, né? 
E é nesse destino, ou naquilo que não deixo pra lá, que mora meu desejo. Desejo de libriana, das relações todas possíveis, das harmonizações das diferenças, dos detalhes das belezas, da suavidade do tato e do contato, da verdade do trato e do contrato, do compromisso permanente e persistente naquilo que sacode o pensamento.

Simone de Paula - 26/07/2019

sexta-feira, 19 de julho de 2019

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Não era Sol, era Lua.
Não era sol, era chuva.
O seco deu lugar ao úmido e ao ar, respirar.
O sul deu passagem para o norte, parar.
O amor suavizou, esfriou, para o coração descansar.
Eu ainda estou aqui e este é o meu lugar.

Simone de Paula - 17/07/2019

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Efeito

Parou na esquina e o semáforo abriu. Olhou para o relógio de pulso e depois para o céu. Escutou um apito de longe e do outro lado da rua alguém acena em direção a ela. Fecha levemente os olhos para ver melhor. É ele. Coração dispara, há tanto tempo não o via. Coração. Meu coração. Sente todo sangue fluir ardendo. A boca seca. Vai conseguir dar o passo? Semáforo está amarelo. Demore, demore tempo por favor. A roupa que veste está velha e um pouco suja, ele saberá, nota sempre os detalhes da vaidade. Há tanto tempo não o via, está cansado, sei de longe. Sinal vermelho. Pedestres seguem. Sangue. Coração. Boca. Desejo. A última noite. Ele não disse nada. Covarde. Tinha outra. Outra. Coração. Boca. Raiva.

- Oi! Você!
- Sim, eu.
- Você tá bem?
- Ótima!
- Eu também.
- Que ótimo!
- Sim! Bom te ver!
- Adorei também.
- Bora marcar?
- Bora!
- Legal então.
- Legal.
- Até.
- Até.





Tá verde. A vida corre.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Deplorável

Essa palavra segue suspensa na ponta da minha língua.
Deplorável.
Quero poder dizê-la. 
Quem deveria escutá-la, sabe bem que ela será pronunciada. E então, evita o risco de ouví-la.
Por questões de covardia, segue calado.
Como eu digo com frequência, o tempo sempre está a nosso favor.
No caso do deplorável, aguardo ao invés de implorar para poder dizê-lo.
De qualquer forma, não vou esquecê-lo.

Simone de Paula - 12/07/2019

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Hoje eu quero falar de amor

Como já disse o poeta, amar é verbo intransitivo. 
Ação que não precisa de objeto, mas que se satisfaz com o predicado.
Se a gente enfia alguém quando está amando, isso é por nossa conta e risco, porque quem ama, apenas ama. E digo assim, porque a gente que ama, quando ama, é tolo o bastante pra enfiar o outro ali, como um exercício de burrice sentimental, pra acreditar que aquilo não vai passar, ou que o outro vai poder sentir junto, brincar junto, fazer parzinho.
Essa história de par não tem nada a ver com amar.
Amo, muito! E aí você caiu na minha vida, apareceu na minha frente, sussurrou na minha orelha e pumba, achei que tinha te achado. Que estava te amando. Mas foi só porque eu ainda não entendia mesmo essas paradas de amor. Imaginei que era por você.
Diz o cantor que o acaso protege quem anda distraído. Eu acrescento que é aí mesmo que o Cupido encontra o espaço perfeito para produzir o encantamento.
Tudo isso não veio do livro, do professor, ou de quem consegue conceituar o que é inapreensível, exclusivo e intransferível. Isso veio do encontro com o Amor.
Faz tempo... 
O meu entendimento pedia suspensão da razão, coisa que para mim é muito complicado, porque parece que sou tomada pelo pensar. Foi no escuro da sala de cinema, com os olhos fixos nas imagens adoravelmente sortidas. Não adiantava prestar atenção ao filme, porque ele não estava ali para ser assistido. Era para experimentá-lo. Do outro lado, uma fada contava histórias, abria janelas, melodiava as cenas, simplesmente para tirá-las do senso comum, que é o ato de ver um filme como aprendemos a fazê-lo. Algumas horas depois, nenhuma cidade, pergunta ou atividade poderia tirar de mim o estado em que me encontrava. Eu era outra, eu amava. Foi ali que descobri que sim, amar é verbo intransitivo.
Mas claro, se dois amantes se encontram com seus amores prontos para serem enlaçados, não sou eu que vou fazer cerimônia nesse caso. Entro no clima e simulo que amo alguém. Mas tem gente que não, que evita amar, que morre de medo de perder. Mas perder o quê, se o amor não se perde? Ele é ou não é, e sendo assim, funciona sempre quando se suspende a razão.
Eu posso concluir isso aqui com a declaração mais verdadeira que posso fazer: te amo, meu Amor.

Simone de Paula - 05/07/2019

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Semana

Algo incontrolável, às vezes dá uma pausa, mas acaba voltando. Depende da situação. Depende de você. Essa danada. Esse termômetro de inúmeras angústias. É boa, é má, não é nada, qualquer coisa camaleoa. O melhor de tudo: a chance de jogar tudo fora e começar e começar. Olha aqui! Sua sua sua...expectativa!

Vem cá pra gente conversar.