sexta-feira, 1 de junho de 2018

Eles

Eles e eu.
Eles e tu.
Eles e eles.
São tantos eles que aparecem todos os dias diante de mim que nem sei dizer quem são eles, ou melhor, quem é ele e quem é o outro.
Mas o que mais instiga é que nesse singular / plural que se manifesta, infestado de promessas sutis, ele mesmo parece sair de cena: perde a voz, desaparece aqui e vai surgir lá, longe de mim, de ti, deles.
Enquanto eu e tu ganhamos força, direitos e deveres, que antes pareciam não ser nossos, eles perderam segurança, sabendo da ameaça de abandono, para a qual nunca foram preparados. Se recolhem, se encolhem, se protegem como podem. 
Quem estava não ocupa mais esse lugar. Quem ocupa agora parece querê-los de novo ali, mas sem perder o ponto. 
Como faz agora com essa lacuna?
_______ e eu.
_______ e tu.
Eles e eles.


Simone de Paula - 01/06/2018

Nenhum comentário:

Postar um comentário