sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Morri aos 27

Sou naturalmente nostálgica, ainda que tente viver entre o futuro e o presente, planejando e executando. Mas meus sonhos e devaneios insistem em relembrar.
Morri aos 27, juntei-me aos bons. De lá pra cá conservo o antes com carinho, orgulho, prazer, mas sem saber, mesmo que eu quisesse, reviver.
Nem sei mais ser aquela e ela existe em mim, na minha solidão.
Uns sofrem de pânico, choram, gritam e se apavoram.
Outros de depressão, ficam apáticos ou ansiosos, mas se resguardam do mundo, se fecham nos quartos escuros.
Tentei militar, cansei. Apostei no ritualizar, mas não acreditei. Tremi de pavor com o barulhinho ameaçador, mas passou. 
Afinal, se esse treco tivesse um nome, pelo menos eu podia transformar num personagem e falar alguma coisa disso. Mas não.
Fucei, pensei, olhei pra cima e pra baixo, direita e esquerda, e a turma da pnl nunca vai saber pra onde eu olhava quando decretei: sofro de solidão. 
Aqui pensando, até considerei que seria porque aquela lá morreu aos 27. Mas quem nasceu, eu, era também o que eu queria de mim. Então, não é solidão disso.
E veja bem, sofrer de solidão não é ser solitária. Mas é o quê?
Isso é novo, recente. Se está sendo inaugurado agora, ainda tem muito para ser dito. Hoje eu só precisava escrever isso. 


Simone de Paula - 17/8/2018


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