quinta-feira, 5 de julho de 2018

Somos muitos

Um homem revia a si mesmo em toda a vida, mas aos poucos. O trabalho era exaustivo, não acreditava. O sentido se perdeu. Esse cansaço não se repara facilmente. Em volta, a família o solicitava, mas sobrava pouco dele mesmo para qualquer outro. O cachorro o temia, assim como se teme um homem cujo o único recurso para sua raiva seria ataca-lo. O antigo modelo caia, o corpo procurava outras formas. A dor. Uma cabeça latejante. A emoção em dívida com o espaço de existir. Passo a passo. Existia uma verdade, mas não vivia uma verdade. Era outra. Não pode ficar, mas o medo de ir, o medo de ir.

Se deu conta de que a responsabilidade de ser o que era, era dele, somente. 
E seguiu amando.

Maria Laura.

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