sexta-feira, 13 de julho de 2018

Destruição


Um poço de lodo transbordando toda sorte de reminiscências de uma vida mal vivida.
O desejo do fim grita, mas o destino insiste em não atender o suplício de uma alma desesperada.
Por que tanto capricho se o fim chegará de qualquer forma?
Se entregou ao bel-prazer dos desprazeres da realidade, insistindo em fazê-los diversões.
Fracassa, mas não pode assumir esse erro.
Tenta controlar a verdade que reina esplêndida diante dos seus olhos, eliminando tudo aquilo que poderia provocar um despertar.
Não reconhece em si a potência da criação, convertendo-a em destruição.
Refuta o bom, belo, justo e amoroso que suporta os desvios, o sombrio de sua mente.
Recusa a mão, o braço e o abraço do corpo magnético que se oferece para fazer girar essa roleta e deixar a sorte mostrar outro espaço a ocupar.
O colo perdido, nunca substituído, se transformou num barril de pólvora pronto para explodir.  E antes que seja lançado para o espaço, manda tudo pelos ares, conquistando a única vida que lhe pertence, aquela excluída do centro do mundo.

Simone de Paula – 13/07/2018


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