Acordei pensando: por que nossos caminhos são cruzados e nós
não nos cruzamos?
Olha eu, dizendo que acordei pensando, como se eu não
pensasse nisso o tempo todo. Melhor começar de novo, mudar o verbo.
Acordo pensando... blá blá blá....
Eu sei que você vai me dizer que eu deveria sair dessa de
‘pensar’ e entrar logo no agir. Pra você, que tá do lado de fora da situação, é
fácil julgar. Porque afinal, quem vê de fora, fala fácil e não precisa agir.
Nem é um lance de empatia (coisa que tá na mora hoje em dia), mas é não ter
aquela barra limite entre a vontade e a realidade.
E sabe o que mais me deixa com raiva? Que você (o dos
caminhos cruzados ou o que julga) me impede de ser eu mesma na cena, porque,
como disse acima, só me sobra o pensar.
Ai eu fico sem a tristeza, sem o amor, sem a vivência, sem a
dor. Fico sem nada? Não, o pensar é meu e ninguém me tira. A não ser o tédio,
esse é ótimo amigo para te fazer ter preguiça de pensar, porque quando se pensa
insistentemente a mesma coisa, isso chega num limite. Ou você desapega, ou você
simplesmente não tem mais combustível para continuar. Nessa hora, melhor dormir.
Falando nisso, eu durmo, bem, feliz, cochilo sem muito
preparo. Parei, encostei, dormi. Adoro dormir. Mas parece que se pensa, mesmo
dormindo e isso faz a gente sonhar. Sim, eu sonho, não tanto quando umas amigas
aí, que sonham uns sonhos lindos, longos, cheios de pedacinhos e depois colam
tudo e contam, elas mesmas encantadas com o pensamento sonhado.
Esse papo me fez desviar a rota. Olha aí porque que não nos
cruzamos, porque eu sigo em outra direção, porque penso, porque sinto tédio,
porque desapego e nesse sem fim de conexões aleatórias, chego num ponto que eu
girei 120 graus, fui em outra direção, desviei da questão.
Mas eu volto, insisto, fico sem ter o que pensar e lembro
que tenho meu pensamento preferido da vez, você e os caminhos cruzados que não
se cruzam. Isso é vício, só pode. Dizem que viciar é para os fracos. Nem tanto. Viciar é para os
teimosos, insistentes, bravos, porque exige muito. Tem que ficar martelando num prego
que já entortou ou tá entalado na parede, sem se preocupar se ainda tem porque martelar.
Você seria o prego ou a parede? Porque eu, a viciada dependente, sou o
martelo intermitente. Pensando aqui,
você é a parede: fixa, parada, rígida e intransponível, além de imutável. O
prego é minha diversão, porque é o grude entre a ação e a estagnação,
intercambia, une, mas mantém sempre a separação, cada um com sua constituição e
sua função.
Nossa, quanta rima, só faltou o não. Bem, mas isso eu já tenho. Mas pensando bem.....
Simone de Paula -
03/02/2017
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