Como se faz uma pergunta?
Essa é uma dúvida que percorre meus pensamentos. Toda vez
que eu percebo que o que eu quero saber só é pensado depois do assunto ter
mudado de rumo, eu noto que deixei o momento passar.
Então, não é ‘como’, mas ‘quando’. Quando se faz uma
pergunta? Será?
A questão é tão grave que cheguei a consultar um querido
professor sobre uma pesquisa acadêmica que me permitisse ‘aprender a
perguntar’. E ele, na melhor ironia orientadora, me disse para ler livros sobre
‘pulsões’. E, como boa aluna que sou, segui sua ordem e li diversos. Muitos. Fiz
inclusive fichamentos. Isso me serviu, mas não me garantiu as perguntas na hora
certa, muito menos um projeto de mestrado.
Enquanto escrevo isso, um sorriso surge nos meus lábios, afinal,
parece muito bobo, como uma pergunta não sabe perguntar? Ops! O lapso comprova,
o que deveria estar escrito aí é, como uma pessoa não sabe perguntar? Pessoa ou
sujeito? Quem pergunta em mim quando eu pergunto? A dúvida é perversa, ela toma
uma proporção diabólica.
Perguntas demandam respostas ou o desejo por respostas
invocam perguntas? Me parece que a exigência do interlocutor está na base da
dupla pergunta/resposta. Mas uma pergunta é uma questão? Para mim, a pergunta é
a questão!
Olho pela janela, para o teto, e penso nostalgicamente,
‘onde eu estava na fase dos por quês?’ Pelo que eu sei desse passado infantil,
eu estava falando feito uma matraca. E, provavelmente perguntando sobre muitas
coisas. Mas isso foi parar tão longe que nem posso lembrar e muito menos
afirmar.
Ah, isso tudo é culpa da bendita Lua em Gêmeos, só pode!
Geminianos! Quem além deles vive com a cabeça a 200 quilômetros por hora? É
tanto pensamento que nem dá tempo de pensar sobre o pensado. Chega outra ideia
e empurra a anterior para fora do campo de atenção. Pensa em um monte de coisa
e não pensa em nada.
Por que eu estou ouvindo The Police? Como essa música chegou
ao final e eu nem me dei conta que ela estava tocando? Porque eu estava pensando sobre as perguntas e
nem me dei conta dos sentidos que estão ativados. Os sentidos adormecem enquanto
a cabeça tenta dar sentido ao fluxo de ideias. O corpo morre enquanto a mente
vive?
Essa lógica das perguntas, dentro de mim, funciona de forma
muito esquisita. Eu me pergunto o que deveria ser a resposta do outro. Isso
indica que as coisas seguem no sentido inverso. Eu deveria perguntar para ‘fora’,
para receber uma resposta e não perguntar para ‘dentro’, e imaginar uma
resposta. Hora da fase 3: ‘operação fala mansa’.
A ordem como essas coisas tem se desenrolado parecem indicar
que mais do que fazer perguntas, eu quero dar respostas. Certo! Vou pro
analista!
Não, mentira! Eu quero mesmo é te perguntar uma coisa: você
me ama?
Simone de Paula – 09/6/2016
Inspirado no ‘Livro das Perguntas’, de Pablo Neruda.
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