sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Conto da Lua nº 10

E vem chegando discreto, sério, levemente curvado.

Sem amor, sem calor, pronto pro trabalho. 

Cenho franzido, semblante sisudo,  não sabe rir direito, nem brincar solto, se sente meio desconfortável nesse lugar.

O pai, cadê meu pai? A mãe esteve lá, mas pensando em outro lugar.

Quer ordem, regra, reconhecimento, tudo que garanta que fez certo.

Não quer mudar, cobra pelo combinado. Não tem jogo de cintura, dança duro pra tentar acompanhar.

Quer amor, calor, aconchego, mas quando chega perto, se sente preso, quer soltar.

Se isola, mesmo desejoso de fogo, gente e carinho.

"Faz um cafuné em mim, por favor, mas não gruda, não!"

E essa lua madrasta, que não consegue pegar o filho no colo e amar incondicionalmente. Lua caprica, iluminando o alto da montanha.

E o filme sugerido é The tender bar, nesse universo dos homens: pais, filhos, avós e tios, todos tentando se apoiar pra não cair.

Simone de Paula - 01/9/23



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