Eu não era muito de fazer massa. Nem torta, nem bolo, nem pastel. Pão então, nem pensar.
O que me desagrada é a precisão, ter que medir, pesar, esperar demais. Fico entre a preguiça e a insegurança.
Na pandemia fiz pão e amei. Mas agora a panela tá lá, sem uso. Tenho a esperança de voltar, mas ainda preciso eliminar os quilos adquiridos no isolamento.
Mas pastel, pastel é uma coisa que sempre tive demais na minha vida. E, nem gosto tanto assim.
E, justamente esse aí, o pastel, esteve nos meus últimos dias. Mas não é a massa recheada de coisas gostosas e frita em óleo quente, não. É o pastel do faz pra ontem o que deveria ter um mês pra dar certo. Tô fazendo pastel quando queria fazer pão de fermentação lenta.
Pastel, aqui, significa texto.
Estou às voltas com um projeto e me vi tendo que escrever sobre o que eu nem sabia direito como dizer. Ia ficando uma colcha de retalhos e a irritação ia elevando minha temperatura. Era um pastel atrás do outro e nenhum com gosto bom.
Taquei o óleo longe e avisei, quem quiser, que pasteleie.
Deu certo. A temperatura baixou e percebi que pastel eu queria fazer. Ficou melhor, mais gostoso, funcionou.
Mas o drama é, eu quero mesmo o meu pão demorado, mas ainda continuo fazendo pastéis.
Simone de Paula - 22/10/2021
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