sexta-feira, 7 de maio de 2021

O silêncio das esferas

Podia ser um sonho, thetahealing, ou imaginação ativa, mas era mesmo o espaço.

Imenso vazio, habitado por incontáveis corpos fixos e móveis. Silenciosos. Que seguem seus ritmos com a tranquilidade da eternidade. Sem som, sem cheiro e nem textura, apenas uma imagem, que só se vê pela teimosia humana de querer encontrar o mais-além da sua humanidade: deus.

Se a ausência de som absoluta nos permite ouvir nossos órgãos funcionando, o que seria possível ouvir das esferas celestes? O planeta tem som?

Stockhausen compôs para as estrelas, criou música para as constelações. Já que as vemos, por que não ouvi-las?

O que é possível inventar além dos sentidos, através do sensorial, para tocar o sensível?

No silêncio do universo particular de cada um de nós, essa é a arte de viver.


Simone de Paula - 07/05/2021

 



VOZ DO SILÊNCIO

O silêncio brada vazios inconfessos
Num linguajar da emoção em espera
Desatados da tribulação tão megera
Tecendo sensos selvosos e travessos

No silêncio escoa solidão em esfera
Soprando suspiros turvos e espessos
Dos enganos emudecidos e avessos
Do tormento, ásperos, tal uma tapera

É no silêncio que se traga a memória
Desfolhados das sílabas da estória
Do tempo, despertando os momentos

Tal o vento, o silêncio é uma oratória
Que verborreia o pensar em trajetória
Nos lábios lânguidos, frios e sedentos

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro de 2017
Cerrado goiano


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