Podia ser um sonho, thetahealing, ou imaginação ativa, mas era mesmo o espaço.
Imenso vazio, habitado por incontáveis corpos fixos e móveis. Silenciosos. Que seguem seus ritmos com a tranquilidade da eternidade. Sem som, sem cheiro e nem textura, apenas uma imagem, que só se vê pela teimosia humana de querer encontrar o mais-além da sua humanidade: deus.
Se a ausência de som absoluta nos permite ouvir nossos órgãos funcionando, o que seria possível ouvir das esferas celestes? O planeta tem som?
Stockhausen compôs para as estrelas, criou música para as constelações. Já que as vemos, por que não ouvi-las?
O que é possível inventar além dos sentidos, através do sensorial, para tocar o sensível?
No silêncio do universo particular de cada um de nós, essa é a arte de viver.
Simone de Paula - 07/05/2021
VOZ DO SILÊNCIO
O silêncio brada vazios inconfessos
Num linguajar da emoção em espera
Desatados da tribulação tão megera
Tecendo sensos selvosos e travessos
No silêncio escoa solidão em esfera
Soprando suspiros turvos e espessos
Dos enganos emudecidos e avessos
Do tormento, ásperos, tal uma tapera
É no silêncio que se traga a memória
Desfolhados das sílabas da estória
Do tempo, despertando os momentos
Tal o vento, o silêncio é uma oratória
Que verborreia o pensar em trajetória
Nos lábios lânguidos, frios e sedentos
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro de 2017
Cerrado goiano
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