Contrariando a minha espera permanente pela sua chegada, sou tomada pela força invasiva de você em mim.
A cabeça foi invadida pelos pensamentos mórbidos, coloridos com a intensidade de Almodóvar, mas na escuridão de Tim Burton.
O corpo agitado, controlado por essa camisa de força que é a racionalidade, só te faz mais potente.
Quero sair daqui! Quero você fora de mim! Como faz?
Fujo e te carrego comigo, não só como uma sombra que me acompanha, isso seria melhor. É pior, é você no centro do meu peito, espalhado pelas veias, tubos e cabos, todas as formas de transmissão de informação que possa ter em mim.
Pane geral, olho para fora e grito para dentro. Te expulso, mas os pulsos me descontrolam mais ainda. Não sou dona de nada em mim. Sou tua!
Não é o que falta que me aflige, mas o que me entope de você.
Quem te enfiou aqui? Veio devagar, ocupando os espaços vazios e me tomou por inteiro. E agora, eu nesse desespero, não posso mais responder aos seus pedidos repetidos e vazios.
Rasgo a pele, furo os tímpanos, racho o crânio na parede. Nada funciona, ainda resta você em mim.
Preciso de ar, espaço que seja ocupado de circulação do invisível, faxinando a via principal e, quem sabe, as extremidades mais escondidas.
Te pedi aqui e agora, mas não te quero mais. É egoísmo?
Refém sem chance de fuga. Resgate?
Negocio. Será?
Antes fosse possível desistir. Não, é você em mim. Não há desistência, só insistência na sua inação.
Suportar o estado de sítio. Esperar, drenar.
Livre!
Simone de Paula - 21/05/2021
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