sexta-feira, 5 de junho de 2020

História rocambolesca

Rocambole é feito assim: massa de pão de ló, macia e feita em etapas na batedeira. Assado em forma grande para ficar fininho. Quando tira do forno, desenforma em cima de um pano limpo e úmido e já enrola a massa, com cuidado para não quebrar. Quando fria, abre, coloca o recheio e enrola de novo. A cobertura é opcional.
Acho que é assim, porque vi muitas vezes esse doce ser feito e nunca me arrisquei. Mas eu gosto muito. Doce de leite, creme branco ou goiabada, chocolate, não. Por cima, o melhor é mesmo só açúcar polvilhado.
Não fiz rocambole, ou bolo de rolo como chamam no nordeste brasileiro. Mas faço rocambolices com as minhas histórias. Começo elencando os elementos, como se separam os ingredientes. Depois explico as relações, uma espécie de preparo para o momento principal. Algumas vezes com mais cuidado, de forma mais lenta, em outras, velocidade alta para mudar de cara, expressar as metamorfoses da situação. No final, quando vejo, saiu uma história. 
Será que ela causa o mesmo efeito que o rocambole, provocando nosso imaginário pelo gosto que todo aquele descritivo causou? Porque no final, se eu não fizer o rocambole, só terei lido a receita dos outros. Assim como quem não vive a experiência, não tem história para contar. 

Simone de Paula - 05/06/2020


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