sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Don’t stop me now

Não posso me demorar demais nesse desgosto. Me conheço, já passei por aqui outras vezes. Se afundo demais, na esperança de achar algo espetacular, só encontro mesmo o fundo e o abismo. Sou feita de ar e água. O ar me puxa pra cima e a água me empurra pra baixo. E é de mim que deve vir o limite.
Não me segure, não me pare agora! 
Não me faça sentir medo ou insegurança por decidir parar e subir. Eu sei que é agora ou depois. Então, que seja agora. Ainda tenho fôlego. Chegando lá em cima, sigo nadando ou voando. Se esperar mais, se descer mais ainda, na volta terei que parar na superfície, recuperar a respiração, pegar ar, descansar. Não quero isso, quero continuar. Não preciso do impulso de lá, só do movimento contínuo em mim mesma, no corpo, no ato.
Baby, estou cheia de energia, de força, sou um foguete agora. Rumo veloz e direto para o céu. É de lá que quero olhar para as imagens desse mundo. 
Meu desejo já chegou e eu me junto a ele agora. Saio do desgosto e sigo para o gosto, para descobrir o calor que ele pode ter. Ar é quente, faz a gente flutuar ou levitar. Água e fria, faz a gente tranquilizar. Calor demais sufoca, frio demais paralisa.
Ainda não posso afirmar se me enganei ao julgar mau o tempo da água. Talvez ele tenha sido o único estado possível para abastecer isso que é vida em mim. Eu prometo que te contarei tudo que puder desse depois da superfície, quem sabe até do céu. E dessa vez eu afirmo que isso é verdade. Sou otimista, eu sei. O julgamento será muito bem avaliado, mas a tendência é sempre ver que foi bom, mesmo através do mau. Assim como a vida, vem depois da morte, ou da quase-morte.

Simone de Paula - 01/2/2019




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