sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Canela de Gabriela

Troquei cadeia por cadela e depois por canela dela.
De um susto, acordei da leitura onírica bordejante que embalava o momento exato entre o sono e o sonho. 
Não vi cadeia, nem cadela e nem a canela dela. Mas de fato, vi a imagem de Gabriela, com os cabelos e olhos de Sônia Braga. O desenho fugaz formado no olhar. Abri os olhos e procurei no texto os fonemas, as vogais, os sons para saber, afinal se eu li primeiro cadeia, cadela ou canela. Não achei nenhuma das palavras referidas. Comecei  de novo, lá de cima, do início do parágrafo e quando cheguei finalmente na cadeia, percebi que ela estava escondida entre duas outras palavras, sem destaque, mas destacada para minha cadeia associativa. Confesso ainda, que vi de relance a cadela mordendo a canela dela. Branquinha, com uma ou outra manchinha, porte médio para pequeno, inofensiva a princípio, mas fêmea feroz diante de uma perna tão bela. Ela sentiu as dentadas. A pele firme não foi perfurada. A fuga pronta foi a ação que me trouxe de volta à lucidez. Tudo, tudo era o sonho da leitura, que comportou aquela tão falada nota azul.


Simone de Paula - 21/9/2018


Nenhum comentário:

Postar um comentário