sexta-feira, 23 de junho de 2017

O redemoinho

O redemoinho
A situação toda foi do pavor ao alívio e tudo durou poucos segundos.
O sofá era completamente confortável. E eu deitei. Mas minha ansiedade não me permitiu ficar assim. Sentei e falei em uma velocidade enorme. As palavras saiam e eu as ouvia, sem conseguir segurá-las. A vertigem foi tomando meu corpo, me derretendo. Fui desfalecendo. Eu via a minha imagem, meu rosto, se desmanchando. A boca escorrendo e as palavras não se articulavam mais. Sentia medo, pavor. Tentava desesperadamente falar mais para conter aquilo que acontecia sem nenhum tipo de controle. Eu estava prestes a me entregar quando senti seu corpo atrás de mim. As mãos tamparam as minhas orelhas, fecharam os meus ouvidos. Num único gesto, a proteção e o abraço acolhedor.  Você me segurou junto a você. Não caí. Seu corpo me serviu de amparo. Apoio..
Mais do que parar de falar, você me ajudou a parar de ouvir. O abraço veio pelas minhas costas, invertido, envolvendo a cabeça através dos ouvidos, retendo o redemoinho turbilhonado dos meus pensamentos torturantes.
Dali não quis sair. Só relaxar e dormir. Encostei em você, suspirei e dormi.

Simone de Paula – 21/6/2017

Nenhum comentário:

Postar um comentário