sexta-feira, 7 de julho de 2023

A morte pede passagem

Nos últimos dias muita gente próxima morreu. De repente, por uma doença, uma tragédia, uma inexplicável parada cardíaca, tanto faz o motivo, mas aconteceu.

Ela chegou, atravessou um corpo, deixou seu rastro, difícil de apagar. 

Falamos de perdas, de lutos, das causas, tudo isso porque não se pode falar diretamente dela. É preciso encontrar meios de definir algum tipo de linguagem para falar do real sumiço da alma e do desaparecimento do corpo.

A gente quase nem pensa na morte, uma negação necessária para lidar com os imprevisíveis da vida. Como disse um conhecido esses dias: "ele acordou feliz essa manhã e terminou sem um pé."

Parece que diante da imensidão das montanhas, ou do mar, e da magnitude do inexplicável da existência, só nos resta lembrar da nossa humanidade. Nos aproximamos, reavaliamos o que verdadeiramente importa, nos dedicamos à afetividade e ao outro, tudo como reação ao absurdo de perder alguém.

Nesse momento, reconhecemos, em nós, como realmente lidamos com o imprevisível, pois tudo que imaginamos, que controlamos, podemos já prever reações. Mas não sabemos o que vai nos acontecer frente à interrupção definitiva.

Diante das despedidas, desejo reencontros.


Simone de Paula - 07/07/23


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