sexta-feira, 2 de junho de 2023

Intervalo

Há pouco mais de um ano parei. Interrompi esse exercício de escrita, ficcional, reflexivo, pulsional.

Era um esvaziamento - palavra tão repetida atualmente que nem representa direito o que ela pode significar - de ideias, de desejo. 

Intervalos e pausas são fundamentais, especialmente nos momentos que tantas coisas estão por vir. E vieram. Algumas esperadas, outras já imaginadas e outras tantas, essas, de surpresa total e absoluta. 

Morri, sobrevivi, renasci.  Escrevi, publiquei, mudei, reconquistei.

Nesse processo longo de escrever semanalmente adquiri músculo e fluidez. Os dedos engrossaram e a língua amaciou. Por isso, estou aqui, mas também ali, que é onde desfilam os melhores instantes.

E o mais interessante disso tudo, especialmente nessa retomada dos Contos semanais, é que quanto menos palavras eu tenho para dizer, mais possibilidades se expressam ao escrever. Tiveram momentos que a escrita foi um jorro de coisas não ditas, pelo ensurdecimento e endurecimento do meu outro. Mas hoje o vetor inverteu. Primeiro, porque esse outro, tanto faz, se for surdo ou bom ouvinte, será preciso que seja leitor. Depois, porque quem não quer falar sou eu, daí, que não tem som pra circular, mas letras para perfilar.

Acabou o intervalo, estamos de volta!

Simone de Paula - 02/06/23

Kathy Womack


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