sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Vôlei

O jogo já estava nos últimos minutos. Era continuar jogando independente do placar. Em campo não importa quem está ganhando ou perdendo, especialmente num jogo dinâmico como o vôlei, que em qualquer momento tudo pode mudar. Tudo é justo: o tamanho da quadra, o número de jogadores, a participação da torcida, até o uniforme. Não tem sobra.

Lá no fundo da quadra, ela se preparava para o saque. Uniforme vermelho em destaque, energia concentrada, a intenção era pontuar. Aqui, eu bem colada na rede, olhava entre ela, lá no fundo, e a outra, aí na minha frente. Não tinha muito espaço para desviar o olhar, era uma posição delicada de entrever as duas, ver por entre elas, como se cada olho, mirasse em cada uma, de uma única vez. 

Uma saca bem pertinho da rede pra desestabilizar. Eu recuo e consigo recepcionar. Faço como posso e mando a bola para o lado de lá. Não posso me distrair vendo a movimentação entre elas, que pulam e se deslocam querendo rebater da melhor forma e levantar a bola e pontuar. Respiração suspensa, piscada de olho quase automática e ouço um sonoro apito ali, do meu lado direito, despertando a minha atenção. Solto o ar cansada e olho para o juiz, quero saber o que aconteceu, afinal, a bola ainda estava no ar, não tinha caído nem aqui e nem lá, e muito menos deslizado pela borda da rede. Ele manda parar o jogo, chama a mim e a oponente que dividia rede comigo. Avisa a ela que houve toque na rede, invasão no meu campo, ponto pra mim. O jogo não acaba e é hora do meu time sacar. Da beira da quadra, a melhor sacadora do time se posiciona. O jogo corre, mais um ponto. Seguimos marcando e o placar beirando o set point e com ele o match point, mas, mesmo ganhando essa, o jogo estava ganho para o lado de lá que tinha aproveitado melhor as chances anteriores. 

Apito final, juiz da ganho de jogo para elas. Mas isso não acaba aí, pra quem gosta de jogo, sempre é tempo para um novo campeonato.

Simone de Paula - 14/08/2020


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