sexta-feira, 26 de abril de 2019

Torções

A transposição direta que tento fazer daquilo que em mim pulsa para chegar no seu ato é impossível. Nunca chegarei lá enquanto não entender que é necessário um tanto de voltas e retortas para aproximar um e outro.
É como no pole dance: um mastro estático, parado no meio de um espaço, indicando que só por estar ali algo deve ser feito com aquilo. 
Imagino que sei o que devo fazer e me disponho pelos meus meios subjetivos em relação ao pau imóvel. Me movo e o uso como minha base, nesse caso vertical? Me arrisco na gravidade? Ou experimento, colocando meu corpo, através dos sentidos, em contato com aquele outro corpo sem sentido? 
Subo, desço, viro e volto. Vertigem no giro que leva minha cabeça para baixo. Medo de rachar a testa e sangrar no chão duro e firme que se destaca pela horizontalidade em que a gravidade me mantém. 
Frisson na brisa que toca minha pele enquanto tento um rodopio. Estou suspensa, no ar, brincando e testando. 
Mas você não está lá, não desse jeito que imagino que esteja, participando, parte, partindo meu corpo em dois, três, dez. 
Parti, partiu.

Simone de Paula - 26/04/2019



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