A avó que não conheci, Irlandina, me preparou uma grata surpresa.
Poema entre linhas.
De pano, tecido, detalhe.
Enquanto esperava o sol ir embora, embalada na cadeira de fazer mínimo vento, ela bordava uma neta que nem sabia.
Traçou contornos em verde, a cor preferida.
Fez flor, listra, círculo, quadrado, curva.
Iniciais.
Capaz que ainda sinta cheiro da terra roxa entre os poros da estopa e da pele. E que ainda se escute os ruídos desse vento balançando os maus temperamentos sob a mesa posta.
Auspicioso um enxoval assim, na caixinha e todo dobrado de goma.
Anuncia o que deve ser cuidado, uma herança de acolhimento revisitada. Entre nós. As mulheres de uma família. Tantas famílias. E tempos.
Que abraço terno, vovó Landuca.
Não há casamento sem reconhecer-se.
Maria Laura, SP.
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