sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Conto da Lua nº4

Minha vida, meu amor, meu tudo.
Elejo você para ser meu, só meu. Registro tudo de nós, para sempre.
Não quero o novo, não quero nada mais, só quero repetir até findar, até a eternidade.
Registros, memórias, quanto mais concreto, melhor.
Filho, casa, família. Sem vazio, sem abandono, sempre com você.
Desconfio, tenho medo. Controlo, seguro, dou um jeito de não largar. 
Se machuco, me machuco. Se me escondo, te escondo. 
Evito saber de você, para não ter que te perder. 
Não me afasto para ver se você volta. Arrisco, só quando sei que você está preso no meu laço. 
Te acompanho, insisto, me antecipo, me faço ser indispensável.
Só a morte pode te levar de mim. E com ela, uma parte vai junto. 
Pranteio sua falta, mas carrego em mim o oco que ficou no meu corpo pela sua partida.

E a Lua em Câncer veio hoje dar o tom dramático desse conto.
Um filme sugerido é Belle Époque, que me parece ter um pé nessa Lua molhada.

Simone de Paula - 17/8/23



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