sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Suor e lágrimas

Olavinho foi um bebê muito chorão. Desde que saiu da maternidade, vivia com lágrimas nos olhos e grito na garganta. A mãe, Cidinha, achava que podia ser fome, e como ela tinha muito leite, vivia com ele pendurado no peito. Era a única coisa que fazia Olavinho parar de chorar.

Na hora do desmame tardio, Cidinha teve muito trabalho, porque o menino a mordia e não queria deixar de mamar, mesmo com os dentes crescidos. A mãe conversava, explicava, e o menino aceitou, em meio a soluços.

Olavinho cresceu, arranjou namoradinhas, mas vivia nostálgico com aquele peito de quando era bebê. E as meninas, não gostavam muito daquela obsessão.

Quando conheceu Cláudia, que era jogadora de vôlei, Olavinho pirou. Ele assistia todos os jogos e fazia questão de levá-la pra casa após as partidas. Notou que com Cláudia a obsessão dos peitos tinha diminuído, mas ele não entendia o por quê.

Ele a via jogar, saiam de lá direto pra casa dela, ela tomava banho e depois saiam para um programa de namorados. Tudo funcionava bem. Olavinho pensava que ela seria a mulher da sua vida. O namoro durou bastante, porque ele não precisava atacar os seios da moça. E nem ela  precisava rechaça-lo ou se incomodar com a insistência.

Depois de mais de dois anos juntos, Cláudia recebeu uma oferta para jogar em outra cidade. Time maior, com patrocínio. Ela ficou muito animada e Olavinho também. Porém, a rotina que eles tinham mudou. Ele não conseguiria ver todos os treinos, apenas os jogos. E, como no final de semana ela não treinava, Olavinho só a encontrava 'de banho tomado'. E, com isso, a obsessão voltou.  

Cláudia não entendia a mudança de comportamento do namorado. Se incomodava, se sentia perturbada com aquela conduta. Ele tentou explicar que isso era uma característica dele e que não queria perdê-la por isso. 

Tentaram seguir o namoro, Olavinho ainda estava intrigado como uma hora ele tinha a obsessão pelos peitos e em outra hora, não tinha mais. Resolveu passar as férias com ela, levá-la nos treinos, retornar a rotina de antes. Depois de menos de uma semana, ele já sentia uma paz diante do corpo da namorada. 

Na quadra, Cláudia era bastante discreta, afinal, o uniforme disfarçava os seios. Mas fora de lá, ela adorava decotes. Ele notou que quando ela entrava no carro, suada do jogo, ele sentia um alívio. Lembrou de quanto ouviu que ele tinha sido um bebe chorão que parava só quando mamava. Essas memórias o levaram de volta lá nos tempos de infância, quase sentiu no cheiro do suor da namorada o cheiro da mãe. Fechou os olhos e entendeu no mesmo instante o que tanto queria dela. 

O relacionamento deles durou mais dois anos. Tinham casado, mas Cláudia não queria ter filhos, investia na carreira esportiva. Foi convidada para ir para fora do país e Olavinho não quis acompanhá-la, ele não poderia deixar a mãe em definitivo. Se separaram e ele busca uma nova mulher que possa aceitar as particularidades dele.

Simone de Paula - 11/02/2022





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