sexta-feira, 22 de maio de 2020

Rastros e restos

Esses dias me deixaram reflexiva, filosófica. Minhas palavras parecem não querer contar, mas dialogar.
Vivemos um século marcado pelos rastros e restos. Se olhamos para o mundo ou para os campos de saber, há um sem fim de registros disso. Se há isso, se produz com isso. E que produção!
Mas a surpresa veio, o novo se impôs.
Distanciados dos corpos fragmentados, sem órgãos, ou seja lá quantos nomes se dê, encontramos acolhimento nas telas, reprodutoras e refletoras de um estranhamento curioso. Elas recortam um pedaço do todo, mas não dão muito espaço para o que poderia escapar desse todo, para o que sai da tela, o que cai do olho.
Nos espelhamos numa superfície lisa, sem rasuras, ranhuras ou rugas para nos segurar. Deslizamos sem chance de parar. Isso nem parece muito novo, mas é.
Há uns dias me pergunto: qual a marca do novo século, do século X X I?

Simone de Paula - 22/05/2020

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