sexta-feira, 5 de julho de 2019

Hoje eu quero falar de amor

Como já disse o poeta, amar é verbo intransitivo. 
Ação que não precisa de objeto, mas que se satisfaz com o predicado.
Se a gente enfia alguém quando está amando, isso é por nossa conta e risco, porque quem ama, apenas ama. E digo assim, porque a gente que ama, quando ama, é tolo o bastante pra enfiar o outro ali, como um exercício de burrice sentimental, pra acreditar que aquilo não vai passar, ou que o outro vai poder sentir junto, brincar junto, fazer parzinho.
Essa história de par não tem nada a ver com amar.
Amo, muito! E aí você caiu na minha vida, apareceu na minha frente, sussurrou na minha orelha e pumba, achei que tinha te achado. Que estava te amando. Mas foi só porque eu ainda não entendia mesmo essas paradas de amor. Imaginei que era por você.
Diz o cantor que o acaso protege quem anda distraído. Eu acrescento que é aí mesmo que o Cupido encontra o espaço perfeito para produzir o encantamento.
Tudo isso não veio do livro, do professor, ou de quem consegue conceituar o que é inapreensível, exclusivo e intransferível. Isso veio do encontro com o Amor.
Faz tempo... 
O meu entendimento pedia suspensão da razão, coisa que para mim é muito complicado, porque parece que sou tomada pelo pensar. Foi no escuro da sala de cinema, com os olhos fixos nas imagens adoravelmente sortidas. Não adiantava prestar atenção ao filme, porque ele não estava ali para ser assistido. Era para experimentá-lo. Do outro lado, uma fada contava histórias, abria janelas, melodiava as cenas, simplesmente para tirá-las do senso comum, que é o ato de ver um filme como aprendemos a fazê-lo. Algumas horas depois, nenhuma cidade, pergunta ou atividade poderia tirar de mim o estado em que me encontrava. Eu era outra, eu amava. Foi ali que descobri que sim, amar é verbo intransitivo.
Mas claro, se dois amantes se encontram com seus amores prontos para serem enlaçados, não sou eu que vou fazer cerimônia nesse caso. Entro no clima e simulo que amo alguém. Mas tem gente que não, que evita amar, que morre de medo de perder. Mas perder o quê, se o amor não se perde? Ele é ou não é, e sendo assim, funciona sempre quando se suspende a razão.
Eu posso concluir isso aqui com a declaração mais verdadeira que posso fazer: te amo, meu Amor.

Simone de Paula - 05/07/2019

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