A transposição direta que tento fazer daquilo que em mim pulsa para chegar no seu ato é impossível. Nunca chegarei lá enquanto não entender que é necessário um tanto de voltas e retortas para aproximar um e outro.
É como no pole dance: um mastro estático, parado no meio de um espaço, indicando que só por estar ali algo deve ser feito com aquilo.
Imagino que sei o que devo fazer e me disponho pelos meus meios subjetivos em relação ao pau imóvel. Me movo e o uso como minha base, nesse caso vertical? Me arrisco na gravidade? Ou experimento, colocando meu corpo, através dos sentidos, em contato com aquele outro corpo sem sentido?
Subo, desço, viro e volto. Vertigem no giro que leva minha cabeça para baixo. Medo de rachar a testa e sangrar no chão duro e firme que se destaca pela horizontalidade em que a gravidade me mantém.
Frisson na brisa que toca minha pele enquanto tento um rodopio. Estou suspensa, no ar, brincando e testando.
Mas você não está lá, não desse jeito que imagino que esteja, participando, parte, partindo meu corpo em dois, três, dez.
Parti, partiu.
Simone de Paula - 26/04/2019