Momento de festa, comemoração, flashes, risos, música e
muitos estrondos marcados pelos fogos que não param de estourar.
A gente comemora como a gente guerreia: bomba, explosão,
gritaria. Uma simulação da batalha, onde o fogo não incendeia, o estouro não destrói
e a gritaria não é de desespero. Ninguém foge.
A marca da diferença estaria no brinde? Ou esse serviria
tanto ao sucesso da batalha quanto à conclusão de uma batalha pessoal?
Festas de final de ano são típicas desse tipo de
comemoração. Comemoramos o fim e o
começo ao mesmo tempo. É a tesoura do tempo que corta uma superfície transformando
um partido em dois inteiros. Não brindamos
sozinhos, mas em grupo e relembramos nesse compartilhar de taças, os antigos
que promoviam brindes com belas batidas de canecas em que os líquidos voavam e
se misturavam novamente para se ter certeza de que ninguém envenenaria ninguém.
De dois virou um só. Confiança no
parceiro e no amanhã.
Diz a tradição que se brinda com champagne. O vinho espumante
francês carrega a marca da vitória A região da produção era a mesma em que se
coroavam reis e rainhas e a celebração era na base da festa , com fogos, risos
e muita bebida. Pobre champagne, que foi
derrotada pelos produtores locais e domada pelo abade dom Perignon, pois a fermentação da bebida fazia as rolhas
explodirem e no processo de controlar aquele efeito, modificaram garrafa e
rolha para o liquido permanecer mais tempo ali dentro.
Da produção ao brinde, o vinho segue sua jornada singular. O
ritual mágico que não poderia ser deixado de lado. O símbolo é tão
significativo, que causa o efeito de realeza no realismo pálido de meros
mortais. No brinde, todo mundo é rei. E como bons reis, temos um mundo novo a
conquistar. Quando a rolha pula, o líquido transborda e enche a taça, borbulhante,
dourado, brilhante. Em um gole, o frisson no nariz, suavidade picante no
paladar e a certeza de quem o estado de alegria terá invadido seu espírito.
Há cerca de vinte anos, eu produzia eventos para a marca
Peugeot. Não há muito o que dizer de tudo aquilo, mesmo sendo histórias absurdas
das pessoas envolvidas. Mas nosso stand era bem servido pela marca Möet
Chandon. Meu ‘pretinho’ da manhã era uma taça de champagne. O dia começava com
vinho gelado na boca, bolhas na mente e nuvens nos pés. Era delicioso, suave.e
para quem vinha de produção de tv, não ter ‘luz’ para preparar por horas, era
um deleite. Tudo passou, tudo passa.
Esse texto de hoje é o último de 2016, um ano em que cumpri
um propósito de escrever textos todas as sextas-feiras. Aqui, um fim e um novo
começo. Um brinde.
Simone de Paula – 30/12/2016
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