A vida é um instante e o tempo era só aquele.
Não precisava
mais. Era aquilo. E só e tudo.
Eu precisava escrever, antes e depois, e viver durante.
Meu corpo acelerado, parado,
implorava por aquele sentimento sem nome, que pressionava minha
alma. Era isso, minha alma queria sair, mas ela tinha que ficar. Eu corria o
risco de desmontar.
O relógio da parede fazia tic-tac. A areia da ampulheta
escorregava pelo tubo fino de vidro e mostrava que nem dentro, nem fora, nada
estava parado. Mas nada acontecia.
Tudo que eu quero muito me provoca isso. Seria medo de
perder, desejo de ter, ou impossibilidade de ser?
Na dúvida, eu preferi não ver. Não ver se você parou para olhar para
trás, não ver meus olhos nos seus olhos, nem ver meu olhar de cúmplice. Mais ainda, não ver se você parou de olhar, desviou para a tela do celular, buscando uma informação mais prática da realidade. Não, não poderia ver e saber o que eu
não estava pronta para reconhecer.
A vida é um instante e o tempo era só aquele.
Simone de Paula - 04/11/2016
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