sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Contos da Lua nº 5

Lá vem ela, toda glamourosa!

Peito erguido, orgulho assumido. Se coloca como sua majestade, mesmo nem notando que já pode ter perdido o reino.

Generosidade, sim! Petulância, também! Teimosia, disfarçada de certeza.

Sem dúvida, encanta e ilumina o ambiente. Chama a atenção porque não esconde a sua presença.

Assume quem é, tem identidade. Porém, tudo é personagem. Veste a roupa e sustenta a narrativa.

Brilha, dramatiza, ri e chora para todo mundo ver. 

Não se desculpa pelos desvios, seja de caráter ou do erro do figurino, afinal, não carrega culpa.

Puro desejo, pela vida e pelo outro. Quer e tem o que quer, usufrui do melhor. Até na falência, não vê a falta como um problema, mas como uma forma de dar a volta por cima. Não é questão de garra, não, é forma de se colocar na vida.

Vibra, e nessa vibração, conquista corações. É prato cheio para os invejosos.

Presenteia, como forma de fazer parte da sua vida, da sua casa, do seu corpo. Ganha com isso a fidelidade do outro. 

Leal, mesmo te passando a perna, porque antes de tudo, coloca a si em primeiro lugar. 

Levar rasteira desse é uma forma de aprender a viver por si mesmo, pelo desejo e pelas relações. Ou tudo é diplomacia, negociação, ou tudo é na base do eu primeiro, mesmo disfarçado do fazendo por você. 

Autenticidade, especialmente porque interpreta seu próprio personagem.

Sim, a Lua em Leão para fechar com chave de ouro.

E para concluir essa série de contos da Lua, um filme mais cult, que até merece um descritivo sobre ele.

Porque sim, Leão, né gente?!? pedindo sempre mais atenção.

Simone de Paula - 27/10/23


"Pierre Wesselrin (Jess Hahn) é um músico parisiense, que recebe um telegrama informando que sua tia rica faleceu. Como ela apenas tinha dois parentes vivos, Pirre deduz que herdará sua fortuna. Com isso decide realizar uma grande festa para comemorar, convidando todos os seus amigos. Entretanto no dia seguinte ele descobre que fora deserdado pela tia, com a fortuna ficando inteiramente para seu primo, que considera um idiota."

"É a história de um músico fracassado Pierre Wesselrin (Jess Hahn). Rohmer mostra uma Paris diferente da mostrada geralmente nos filmes, bela e turística, mas sim a miserável, mendigos, deprimente, moradores de rua, pedintes. Rohmer exibe diversos locais da cidade, bares, cafés, lanchonetes, restaurantes, livrarias, etc. Rohmer ressalta a falência financeira de Pierre e seu fracasso profissional/musical. O signo de Pierre é Leão e seu signo influe em sua trajetória de vida no roteiro de Rohmer, pois o diretor/roteirista discute Astrologia no filme, assim o fato de ser leonino leva Pierre a esperar por uma dádiva/milagre, e sua vida é marcada ou pela riqueza ou pela pobreza, ou tudo ou nada. Pierra anda perdido e vagando pelas ruas de Paris, passa fome, frio, mendiga, em total silêncio contemplativo de desespero e aflição, humilhado e cabisbaixo. O filme é belíssimo, poético e de um lirismo ímpar. Maravilhoso. Dez! "


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