Naquela tarde eu tentei manter a
vírgula abaixo do ponto final. Neguei o quanto pude. Acreditei que aquele
ponto, para você, queria dizer reticências. Mas não, era ponto.
Ponto final para mim. Para você,
talvez apenas ponto. Um ponto cruz numa história que ainda está atravessada na
minha garganta, silenciada por um ponto que me fez aspirar desejando também a
vírgula. Não tive permissão para dar vazão a esse ar. Não sucumbi, mas quase
sufoquei.
Aquele olhar era o ponto de basta
daquela situação. Olhar que podia ser cúmplice, seguido do ato definitivo do
entrelaçamento. Ou poderia ser neutro, delatando a covardia insistentemente
esquivada. Penso que foi o segundo.
Tinham tantas coisas acontecido
antes, que, impactantes, mereciam destaque. Justamente o momento de ver e
concluir coincidiram, mas foram deixados de lado. Eu tentava ainda buscar
formas de compreender, botando fé numa conclusão diferente, surpreendente. Mas
não. O que foi visto, sem ser lido ou ouvido, precisou de tempo para poder ser
reconhecido.
O rio segue seu curso, as margens
garantem isso. Ali havia uma bifurcação naquele caminho que até então, tortuoso,
permanecia consistente. A água se dividiu, diminuiu em fluxo e ritmo, e seguiu.
Vista de longe, a beleza da
natureza parece tão suave e pacifica. Dentro dela, é impossível controlar. Chego
aqui e repouso à espera do Sol a me iluminar.
Simone de Paula – 12/10/2018
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