sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Só um ponto - de vista


Naquela tarde eu tentei manter a vírgula abaixo do ponto final. Neguei o quanto pude. Acreditei que aquele ponto, para você, queria dizer reticências. Mas não, era ponto.
Ponto final para mim. Para você, talvez apenas ponto. Um ponto cruz numa história que ainda está atravessada na minha garganta, silenciada por um ponto que me fez aspirar desejando também a vírgula. Não tive permissão para dar vazão a esse ar. Não sucumbi, mas quase sufoquei.
Aquele olhar era o ponto de basta daquela situação. Olhar que podia ser cúmplice, seguido do ato definitivo do entrelaçamento. Ou poderia ser neutro, delatando a covardia insistentemente esquivada. Penso que foi o segundo.
Tinham tantas coisas acontecido antes, que, impactantes, mereciam destaque. Justamente o momento de ver e concluir coincidiram, mas foram deixados de lado. Eu tentava ainda buscar formas de compreender, botando fé numa conclusão diferente, surpreendente. Mas não. O que foi visto, sem ser lido ou ouvido, precisou de tempo para poder ser reconhecido.
O rio segue seu curso, as margens garantem isso. Ali havia uma bifurcação naquele caminho que até então, tortuoso, permanecia consistente. A água se dividiu, diminuiu em fluxo e ritmo, e seguiu.
Vista de longe, a beleza da natureza parece tão suave e pacifica. Dentro dela, é impossível controlar. Chego aqui e repouso à espera do Sol a me iluminar.

Simone de Paula – 12/10/2018

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