Ela não parava de falar. Reprovava tudo o que eu dizia.
Eu gritava um acolhimento que não nos damos, com direto a deprimir-se em quarto escuro e choro de joelhos no chão.
Sem chão.
Deixa eu ficar triste quando for hora de ficar triste!
Ela não parava de falar. Dizia que pensar negativo é mente suja.
Ai como perdi a paciência. Não podia lidar com uma fala fantasiosa dessas. Com uma unilateralidade infantil e grotesca estampada em um rosto todo modificado pela dor que evita incansavelmente. O sorriso feito de durex, pregado com cola gasta. Prestes a desmoronar.
Eu gritava dentro, urrava sem dizer de uma vez:
Respeite a hora das suas coisas. Escute o afeto. Presencie o descontrole. Atenta, atenta.
Não me imponha, componha.
A si mesma mulher!
Ela era eu?
Maria Laura
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